Cemitério dos Alemães

Muita gente acha mórbido, soturno, macabro, estranho, mas a Arte Cemiterial, Arte tumular ou Arte Funerária não é isso, há muitas obras de artes, mausoléus, estátuas, arquiteturas, que você encontra nos cemitérios, muitas delas feitas em mármore, granito, ferro fundido ou bronze.
No cemitério você percebe a história de um povo, as mudanças culturais, sociológicas e a história. Fora que a beleza dessas obras são indescritíveis.
Para muitos é uma arte polêmica, para outros normal, mas não se pode negar que o cemitério é um museu ao céu aberto e muitas cidades no mundo todo existem visitas guiadas para esses locais.
O Cemitério dos Alemães (que na verdade já foi depois desse nome «Cemitério dos Estrangeiros» e hoje é chamado de «Sociedade Cemitério Federação», mas preferi colocar como «Cemitério dos Alemães», pelo carater histórico), sempre foi um mistério para mim, pois só vivia de portão fechado e até então nunca tinha visitado e até esqueci dele, até que mês passado, pesquisando sobre o Cemitério dos Ingleses, me deparei com o dos Alemães e pensei «Caramba, realmente, nem me lembrava mais, é o único em Salvador que eu não tenho idéia de como seja», matei minha curiosidade na quinta passada.
No Século XIX, com a abertura dos portos no Brasil, muitos estrangeiros vieram tentar a vida no Brasil e os alemães foram um desses povos que vieram trabalhar na agricultura, principalmente fumo e açúcar, comércio e indústria.
Nós sabemos que eles foram «em peso» pro sul, mas para leigos como eu, não sabia dessa histórica participação deles em Salvador, talvez para os historiadores seja uma história mais conhecida.
Para manter sua cultura e costumes eles formaram clubes, estabelecimentos de ensino e como em sua grande maioria que veio para cá não eram católicos, muitos não tinham um solo «de sua religião» para descansar seu corpo e alma. Então em 1851 o cemitério foi fundado pelas comunidades de alemães e suíços, residentes em Salvador.
O Cemitério é bem «misterioso», pois não tem telefone, eu procurei pela internet e não achei, não sabia o horário de funcionamento, nada, então fui lá na cara e na coragem bater na porta. Não obtive permissão para fotografar, os funcionários do local, se não me engano Neco e Ricardo, me atenderam educadamente, explicando que iriam perguntar se na próxima vez eu poderia fotografar a parte interna, foram bastante atenciosos e solícitos comigo, respondendo minhas perguntas.
Preciso voltar com mais calma e tempo para visitar o local, ver suas obras, mas pareceu me bem «simples, no bom sentido da palavra, não lembro de mausoléus suntuosos ou nada parecido, vi lápides em alemão, na maioria, estátuas, árvores, pássaros cantando… uma sombra agradável no meio de uma tarde quente. Realmente um lugar em paz, contrastando com o trânsito pesado da Federação com seus carros, motos, ônibus passando pra lá e para cá.
É um local que para nós, típicos baianos, reserva muita história e segredos para descobrirmos aos poucos. É um lugar recomendável para quem gosta de arte e história.
O cemitério está passando por uma pequena reforma, espero que traga alguns conteúdos históricos após as obras serem terminadas.
Reveja seus preconceitos e visite um cemitério com suas obras de arte, sei que não é um lugar agradável para a maior parte das pessoas, pois traz péssimas lembranças, mas nós só vamos lá para sepultamentos ou visitar túmulos, vá num dia «normal» e veja suas obras de arte.
Recomendo.